poema de leiria da tarde e de maria
I
a porta fechou
as praias são só areias
os países naufragam nos jornais
correr correr
e nem sequer é domingo
em que embrulhos se meteu a vida
nas tardes das naus
já leiria perdeu os seus pinhais
o pintor
em parte incerta
desconhece que a tarde só é tarde
quando dói
maria
olha a vida da confeitaria
frente ao hospital
ademais
lembrem-se dos que sofrem
aqui
é proibido buzinar
já leiria perdeu os seus pinhais
os poente de outono
são das poucas coisas da minha terra
que não têm dono
II
por sua vez o tejo
encheu-me as unhas com partes de poemas
por isso
quando os lustres se acenderem
vou agarrar-te na alma e correr pelo rossio
após a meia-noite
quando as orações das bruxas
instauram raivas nos centauros
desligas o telefone desligando a vida
hoje os faquires vão ao cinema
e amanhã irei à florista perguntar se a cor dos goivos
é a difícil revelação da verdade
não haverá janelas que falem
sobre um homem sozinho na cidade
evidentemente
à tarde
carlos alberto correia