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Não irei bater palmas a Lula

Sábado, 15.04.23

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Com muita, mesmo muita pena, não irei, no dia da Liberdade, saudar a presença, do Presidente do Brasil em terra Lusa, nem na Assembleia da República.

 

Claro que não estou esquecido de como, no seu primeiro Governo retirou milhões de brasileiros das garras da fome, nem de como, num continente semeado de ditaduras foi a luz da esperança democrática. Também não me tentem colocar no rol dos seus acusadores de extrema-direita, nem do lado do execrável Bolsonaro, ou mesmo sugiram fazer de mim um apaniguado da vontade imperialista dos Estados Unidos.

 

Se o fizerem não só estarão completamente errados, como não perceberão nada de quanto, neste momento, se joga no mundo. Tento apenas ser coerente na defesa das liberdades a que cada ser humano, cada país tem direito.

 

Como se diz no Preâmbulo da Carta das Nações Unidas:

 

“NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS a preservarmos as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de uma liberdade ampla.

 

 E PARA TAIS FINS, praticar a tolerância e viver em paz, uns com os outros, como bons vizinhos, e unir as nossas forças para manter a paz e a segurança internacionais, e a garantir, pela aceitação de princípios e a instituição dos métodos, que a força armada não será usada a não ser no interesse comum, a empregar um mecanismo internacional para promover o progresso económico e social de todos os povos.

 

RESOLVEMOS CONJUGAR OS NOSSOS ESFORÇOS PARA A CONSECUÇÃO DESSES OBJETIVOS”.

 

Por isso a minha deceção ao ouvir as declarações de Lula da Silva no seu périplo entre a Rússia e a China. Esperava dele, sim, mesmo sabendo o esforço de fazer dos BRICs um ator maior na partilha dos poderes mundiais, uma posição coerente com a Carta das Nações Unidas e não foi isso que ouvi.

 

Falou de paz, falou, mas com boca de mentira! Esqueceu-se de referir quem a quebrou, de que modo e com que objetivos o faz e, além disso culpou os Estados Unidos, e com ele todos os países ocidentais de, ao proporcionarem meios de defesa ao atacado, serem eles os fautores da guerra, esquecendo que as posições de agressor e vítima não são correspondentes, nem iguais. O que ele disse ao falar em paz foi simplesmente - sem a hipocrisia de estar a defender o indefensável - deixem o agressor conseguir as suas pretensões, ainda que para isso seja necessário assistir ao esmagamento de um povo no mesquinho interesse de uma potência (que já não o é) mas pretende continuar a dominar e exterminar povos.

 

Eu sei que é doloroso por na boca de Lula da Silva a crueza destas palavras, o nefando desta posição, mas foi o que ele fez ao falar numa paz que apenas beneficiará o agressor e que, a ser conseguida, será o estímulo suficiente para continuar a guerra contra outras nações independentes, até que um perigoso maníaco consiga refazer um império no qual só ele e os seus próximos acreditam, têm esperanças e confiam.

 

Por isso a minha consternação, por isso a tristeza de mais uma desilusão e a certeza de que por esta “real politik” me será impossível congratular com a visão de Lula da Silva na casa da Democracia.

 

A vida prega-nos partidas destas e, contristado, profundamente magoado, não irei dizer, como desejava:

 

 Bem-vindo Presidente Lula!

 

 

Publicado in Rostos On-line

 

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publicado por Carlos Alberto Correia às 23:39


1 comentário

De Maria Elvira Carvalho a 16.04.2023 às 09:33

Foi mesmo uma desilusão para quem como eu o admirava.
Abraço e saúde

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