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elogio dos estúpidos 1

Sexta-feira, 20.10.23

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publicado por Carlos Alberto Correia às 19:30

elogio dos estúpidos 2

Sexta-feira, 20.10.23

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publicado por Carlos Alberto Correia às 19:26

elogio dos estúpidos 3

Sexta-feira, 20.10.23

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publicado por Carlos Alberto Correia às 19:22

tema da solidão II

Segunda-feira, 16.10.23

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publicado por Carlos Alberto Correia às 12:45

Urbi - poemas datados

Quinta-feira, 12.10.23

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publicado por Carlos Alberto Correia às 00:07

O vinte e cinco de novembro, pois…

Sexta-feira, 06.10.23

josé moedas.jpg

 

É evidente que Carlos Moedas, enquanto pessoa, tem todo o direito de comemorar as datas que lhe são queridas. Já como autarca não tenho a certeza de que, sem consultar a edilidade, possa tomar, de rompante, a responsabilidade de decidir que a cidade que governa rejubile com e como ele com semelhante data.

 

Residente que sou do Barreiro, dir-me-ão: o que é que tens a ver com isso? Ao que eu responderei, tudo!

 

Ao contrário do doutor Moedas afirmo que nem todas as datas deverão ser comemoradas. Querem exemplos? Apenas dois para não sobrecarregar o texto. O primeiro nacional, o segundo internacional. Algum democrata deseja celebrar o 28 de maio? Ou o rebentamento das bombas atómicas em Hiroxima e Nagasaki? No entanto são datas e, no pensamento de Moedas, como o são deverão ser comemoradas. Pois eu, muito ingenuamente, digo-lhe que não. Comemorar é relembrar em festa e, para mim, nenhuma festa habita estas datas. Espero justificação do Presidente da Câmara de Lisboa para a sua afirmação: “todas as datas devem ser comemoradas”. Talvez se tivesse precipitado. Preocupado em criar um facto político que o projetasse, possivelmente, à futura direção do partido e quiçá ao almejado posto de primeiro-ministro, não teve tempo de pensar maduramente na questão e vá de aliciar votos da direita tramontana. Bem, isso é lá com ele. Não sou eu quem escolhe os seus amigos e apoiantes…

 

Posto isto, venho aqui para dizer qualquer coisa, daquilo que penso e sinto sobre a questão em causa. É claro que há muito trabalho de historiadores sérios a fazer sobre a complexidade do que foi o 25 de novembro, já que ele representa coisas diferentes para diferentes pessoas ou grupos sociais.

 

O Vinte e cinco de Abril trazia três D’s. como objetivo sumário. O primeiro D era Democratizar; o segundo e o terceiro eram Descolonizar e Desenvolver. Se o primeiro teve aceitação generalizada os outros dois levantaram muitos problemas e desentendimentos. Deste modo o Movimento das Forças Armadas, bem como a sociedade civil, quebraram a harmonia existente em relação ao primeiro D e subdividiram-se em vários grupos de maior ou menor intransigência em relação aos objetivos enunciados. Assim se deu o Vinte e oito de setembro e o Onze de março. (Caro Moedas, porque não celebrar também estes dias? Afinal não deixam de ser datas!)

 

Situemo-nos pois, para o nosso propósito, no Quinto Governo Provisório. O primeiro-ministro, Vasco Gonçalves, cujo entendimento dos três D’s era bastante profundo e popular, desagradava, pelas medidas que tomava a uma burguesia, não muito endinheirada, mas numerosa, que temia ver perdidos os seus pequenos privilégios. Inquietos inquietaram os partidos do PS para a direita, o que levou ao Verão quente com atos de terrorismo por parte do ELP e MDLP, a que a esquerda reagiu, especialmente através do Copcon. A instabilidade foi-se acentuando em todo o País, principalmente após a Greve da Construção Civil que redundou no cerco à Assembleia da República, o qual veio a ser motivo mobilizador para a reação da direita, levando a confrontos cada vez mais violentos no interior do Movimento das Forças Armadas. Contar como tudo isto evoluiu está para além deste projeto. Por isso vou, o mais direto possível, para o culminar deste processo em vinte e cinco de novembro.

 

Antes de me debruçar sobre algumas particularidades desse dia quero desafiar os meus amigos a recordarem uma viagem de Álvaro Cunhal, durante o Quinto Governo, a países do Leste. Dizia ele, na sala VIP do Aeroporto da Portela, e cito de memória, o Quinto Governo é o governo do Povo. Se a reação o quiser derrubar “nós seremos a muralha de aço” a defendê-lo. Lembram-se? Até deu azo a uma canção, muito popular na altura. Passadas duas a três semanas, na mesma sala VIP, retornado da viagem, a mesma RTP pergunta-lhe de novo pelo destino do Quinto Governo. Aí, para espanto geral ele respondeu que o Povo era soberano e que se não queria esse governo deveria cair. Estaríamos perante alguma inconsistência do Dr. Cunhal? Longe disso! Vão ver os jornais da época e detenham-se um pouco sobre o encerramento da Conferência de Helsínquia. Poderão aí aperceber-se de que as potências mundiais fizeram uma espécie de Tratado de Tordesilhas. A África, sobretudo Angola, ficariam sobre tutela da URSS; a Europa, Portugal incluído, pertenceriam ao Ocidente e à Nato. Quem não for distraído perceberá, facilmente, que os destinos da Revolução e de Portugal estavam traçados. Iria, não para onde fosse sua vontade, mas para onde a geografia o colocara. Estava a começar novembro.

 

Novembro começou, não como um ato de “reposição” da Democracia puro e simples, mas como o aproveitamento de forças democráticas moderadas utilizadas, como se fossem idiotas úteis, para um golpe sangrento da direita revanchista. Desmascarou-se, nessa noite, felizmente, Jaime Neves o qual, na RTP, após os sangrentos combates na Polícia Militar, dizia que os seus homens não estavam satisfeitos e que não sabia se poderia ter mão neles. E ó Potestades, mesmo confessando-se impotente para comandar, não foi destituído???!!!

 

Então porque abrandou a sanha sanguinária da direita?

Quanto a mim – e longe estou de pensar ser a única interpretação dos factos – três pessoas estiveram no travamento do contragolpe. Duas, como todos sabem, foram Mário Soares e Melo Antunes; a terceira, como se calhar é menos conhecido, foi, mais uma vez, Salgueiro Maia. Passada a sua coluna pelo RALIS sem confronto entre as duas Unidades, mandou parar a coluna junto ao Quartel de Beirolas onde, como me foi várias vezes, por diversas pessoas, referido, terá dito ao comandante do aquartelamento, se te quiseres render, rende-te; atacar não ataco. Vou parar aqui a Força até perceber bem o que se passa. Não alinho em pinochetadas.

 

E pronto! Muito mais coisas haveria e podia contar, no entanto, penso que isto basta para perguntar: Sr. Dr. Moedas, ao certo, ao certo, o que vai comemorar?

 

 

Publicado in “Rostos Online”

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publicado por Carlos Alberto Correia às 19:29

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Sexta-feira, 06.10.23

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publicado por Carlos Alberto Correia às 12:29

Concerto para Sanca João

Quinta-feira, 28.09.23

 

Este romance está esgotado desde 2016. A segunda edição deverá vir a lume em 2024. Entretanto vejam o vídeo de divulgação.

 

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publicado por Carlos Alberto Correia às 17:23

"A caneta Infeliz" - Crítica de Sousa Pereira - Jornal Rostos

Quinta-feira, 21.09.23

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publicado por Carlos Alberto Correia às 16:25

Esta enorme inquietação

Domingo, 10.09.23

 

avião.jpg

 

 

“— Têm muita pressa, disse o principezinho. Que procuram?

— Nem o próprio maquinista sabe, disse o agulheiro.

E, em direção contrária, rugiu um segundo rápido iluminado.”                    

Saint-Exupéry, o Principezinho

 

 

Segundo Lévi-Strauss viajar é deslocarmo-nos não só no espaço, como também no tempo e na classe social. Já para Fernando Pessoa viajar seria perder países. Eis duas declarações que nos obrigam a pensar nesta enorme inquietação que nos constrange a mudar constantemente de lugar, a pensar estar-se melhor no local onde se não está, a procurar o sítio ideal onde o julgamos possível sabendo, de antemão, nunca ser aquele a que chegamos, mas outro a existir em qualquer lado onde esperamos um dia aportar.

 

Estarão os meus amigos a perguntar, o que será que o tipo pretende com esta palinódia? Passou-se de vez e sem remédio, e, muito provavelmente estarão carregadinhos de razão. Pois não é óbvio que viajar, deslocar-se de um lado para o outro é a coisa mais normal da vida? Toda a gente, todos os dias, se move para mais perto ou mais longe, consoante as suas necessidades ou vontades. O tipo está mesmo ché-ché!

 

E se não estiver? Se a viagem for a representação da grande busca, a inquietação primordial, ou, pelo menos a forma mais imediata (e talvez inconsequente) de procurar o outro lado da vida, aquilo que, saindo do quotidiano, é o que vale a pena viver, o que justifica a nossa curta peregrinação pela existência, e que, finalmente lhe dará sentido?

 

Neste momento, alguém mais pragmático atirará, mas qual sentido qual carapuça. Estamos aqui, viveremos quanto nos for permitido e da melhor maneira que pudermos ou nos consentirem e, se tal for possível, faremos umas viagenzinhas para conhecer quanto conseguirmos do mundo e quiçá, num tempo já não muito distante, até poderemos dar um saltinho a um qualquer planeta do nosso sistema. Ponto final e tudo o mais é conversa.

 

Pois, é! Aqui mesmo começa a inquietação. Viajar porquê e para quê? Sair do certo para o incerto, do conforto para o desconhecido? Porquê essa inquietude de símio curioso? No entanto, viajar é uma atividade que, desde que nos conhecemos, sempre atraiu a humanidade e nos levou a lançar madeiros frágeis ao mar proceloso, foguetões em direção ao infinito próximo e a mantermo-nos sempre em movimento, pêndulos eternos entre o ficar e partir, por vontade própria ou compulsão social. Especificando, viajamos por necessidade de exploração ou descoberta, com o objetivo de estabelecer contacto com pessoas de diferentes origens, de compartilhar conhecimentos e experiências e, nestes contactos, além de conhecermos o Outro, descobrirmos mais sobre quem somos e o que somos. Cada jornada pode ser, ao mesmo tempo, uma aventura quer exterior, quer interior, com a capacidade de alterar o que pensamos, tornando o que já fomos no que agora somos.

 

Tudo bem! Aceitemos como boas tais razões. Porém, somos assim porquê? Foi desígnio divino? Insatisfação pessoal? Necessidade de sobrevivência? Melhoria de vida? Ou tudo isto ou nada disto?

 

Trazidos ao lugar onde vos queria, lá vai o salto quântico para a realidade.

 

O “mare nostrum”, o Mediterrâneo tem milhares de cadáveres submersos de viajantes compelidos a fugir de guerras, fomes e outras violências. Os jovens da nossa terra, findos os estudos, aventuram-se, aparentemente com menos perigos, para países onde nunca pretenderam viver porque o nosso (vá se lá saber porquê), não lhes dá oportunidade de crescerem naquilo para que os formou. Num mundo com tecnologia capaz de suprir a maior parte das necessidades de todos os seres humanos cresce, cada vez mais, a desigualdade, numa época em que a ciência provou sermos todos não só primatas como primos, desencadeiam-se guerras sem mais sentido que ambições desmedidas e tresloucadas de uns quantos doidos chegados ao poder.

 

Deste modo viajamos, não só por prazer e trabalho, mas também por fuga e horror. Houve já cinco grandes extinções na terra e sempre a espécie dominante foi eliminada e substituída, quase de imediato, por outra menos dispendiosa para os recursos existentes, sem que no Universo tenha sido sentido grito, dor ou sobressalto. Será que procuramos, insanamente, pôr esta fraca teoria à prova e tornarmo-nos candidatos a atores da próxima extinção em massa?

 

Temo que para aí nos encaminhemos, alegre e despudoradamente, na inconsciência de à nossa importância de seres únicos se sobrepor a facilidade com que, por nossos atos, possamos vir a ser descartados como vírus daninhos que é necessário erradicar. Deste modo, voltando a Pessoa, viajar já não seria perder países, mas perdermo-nos a todos, por decisão de uns poucos.

 

Não estaremos no tempo de nós, Muitos, obrigarmos os Poucos, mandantes, a tomar juízo?

 

A maneira de o fazer fica ao nosso critério, evidentemente.

 

 

Publicado in Rostos On-line

 

 

 

 

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publicado por Carlos Alberto Correia às 22:57