Palavras para um jornal que ainda o é!
Não há época onde os meios de informação sejam tantos e mais acessíveis, nem há tempo em que a desinformação seja de tão grandes proporções. Parece que uma coisa contraria a outra, porém tentarei deslindar, na medida do possível, este imbróglio.
Durante muitos anos apenas a imprensa escrita era a fonte noticiosa por excelência. Sofria porém de uma grave menoridade em termos democráticos. O custo de produção do Jornal subordinando-o a quem o sustentava. Precisava de máquinas, de jornalistas, de investidores, instalações e até dos pobres ardinas que, além dos quiosques, faziam a distribuição e divulgação dos periódicos. Isto, sendo exercício de grandes cabedais, acrescentado do baixo nível de instrução dos povos, tornavam o acesso à informação iguaria a ser servida apenas a uns quantos privilegiados.
Parecia - com a multiplicação de meios, rádio, televisão, internet, e não menos importante da muito maior literacia da população - que a informação se iria democratizar, chegar a toda a gente, ganhar credibilidade. Por motivos vários que esta pequena nota não pode comportar, a perversidade das coisas (monopólios de comunicação, centros de desinformação de interesses vários) fez com que o crédito da informação se fosse degradando e, hoje, o panorama geral é o de à riqueza e diversidade de meios corresponder a pobreza, repetitividade e desconfiança popular sobre as notícias difundidas.
É pena que assim seja, contudo as coisas são o que são!
Então e nada há onde possamos repousar a curiosidade sem medo de sermos enganados? Felizmente ainda podemos encontrar ilhas de crédito neste cenário desconfortável e sombrio. Locais onde a ética é superior aos interesses parciais de gentes e grupos de pressão, onde o desaguar da informação é límpido e temos a segurança de que a democracia existe e permite a voz a todas as partes interessadas.
É por isso, e porque sei os custos pessoais que tal atitude comporta que me junto aos inúmeros votos de parabéns enviados ao Rostos e ao seu Diretor Sousa Pereira, por, contra tudo e contra muitos, fazerem avançar num tenebroso mar de iniquidades a força e a luz de um jornalismo sem patrões, aberto à notícia, atento à sociedade e aos seus movimentos.
Mais uma vez, e não é despiciendo repeti-lo muitos e muitos parabéns pelos teus 20 anos, pela maioridade e independência de que, justamente te orgulhas e, sei, irás manter enquanto durar a tua vida.
Obrigado Rostos! Obrigado Sousa Pereira!