"Colar de Pérolas"
Foi assim! A Guida telefonou-me. Tens tempo? Sim, podes avançar. A São (Maria Barradas) vai lançar no dia 5 de novembro um livro de contos. Pediu-me para fazer o prefácio e a apresentação. Estás disponível para ouvires o que escrevi? Reafirmei a minha disponibilidade. Pela voz profunda e pausada da Guida começaram a desfilar as suas impressões sobre o “Colar de Contos”. Fiquei logo interessado ao ouvir o primeiro excerto. Ao convidar-me para ir a Évora, à sala dos Leões da Câmara Municipal, nem hesitei. Lá me encontrarás!
A primeira impressão agradável veio do público. Muito ao contrário daquilo que costuma acontecer nestes eventos, a sala estava cheia, alegre. Os lugares não chegavam, nem sequer a sala. Muita gente de pé no interior, bastante na balaustrada exterior. O livro, editado pela “ambiguaedições”, é um objeto bem cuidado, Contos” não poderia descrever de melhor forma o que vamos encontrar na leitura. Uma fiada de pequenas (grandes) histórias, onde, a partir do quase nada de um quotidiano vulgar se descobre o insólito de cada momento, tudo envolvido numa ironia conduzindo-nos, insidiosa, do sorriso à dor das pequenas tragédias a desenrolarem-se, contínuas, perante os nossos olhares, se não cegos, pelo menos distraídos. Por isso a autora, na frase tensa, sincopada, em cada texto manufatura uma conta/conto, com que vai perfazendo a circunferência (mais ou menos) do colar.
Diz-se que em Portugal se edita muito, compra-se pouco e se lê ainda menos. É provável que haja muito de verdade nisto e que as causas para tal sejam variadas. Não duvido que tal aconteça. Porém, isto é pensamento só de minha responsabilidade, edita-se muito lixo, o que poderá ser um dos fatores a desencadear a recusa à compra e posterior leitura. Arrisquem-se os amigos a procurar este livro na Editora (não sei como será a distribuição, problema maior daquilo que se lança), mas é sempre certo avançar com o pedido direto a quem edita e, fique certo, não perderá o seu tempo e ficará enriquecido com novas perspetivas sobre que somos e como reagimos ao que nos acontece, do mais vulgar ao insólito. Este livro não é lixo! É literatura a sério! Vale a pena ganhar tempo com a sua leitura.
Tenho dito!