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Primeiro os parabéns…

Segunda-feira, 28.09.09
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Para quem viveu em tempos de direito de voto condicionado, nulo ou perverso, o decorrer normal de qualquer eleição, tenha os resultados que tiver, é, só por si, motivo de festa interior. Por mais umas eleições livres está de parabéns o País. Também deverá ser felicitado por, na sua escolha, ter introduzido mais um elemento de democracia na Democracia. Trata-se da supressão da maioria absoluta e do regresso do poder ao Parlamento, local primordial, por natureza, do querer democrático.

Como venho defendendo, a maioria absoluta é uma subversão do sistema preparado para relativizar o poder e mantê-lo dentro dos limites da sua representatividade. A dispersão do voto por mais partidos torna a representação mais real embora exija, de quem quer governar, a procura incessante de consensos. É mais difícil, é mais trabalhoso, mas é mais equânime.

Continuando as congratulações dirijo-as seguidamente ao PS, vencedor aritmético do prélio e seguramente mandatado para a formação do novo governo; ao CDS-PP, com um amargo de boca da minha parte, porque obteve uma clara vitória conseguindo todos os objectivos a que se propôs, ficando em posição excelente para condicionar, para as suas propostas, a acção do futuro governo; ao Bloco de Esquerda pelo crescimento exponencial da sua votação, número de deputados e consolidação no terreno e ao PC porque, apesar de perder o lugar no “ranking”, conseguiu aumentar o número de votantes e, em Setúbal, averbou mais um deputado.

depois os cuidados!

O quadro saído destas eleições é complexo e pode vir a tornar-se preocupante. Advém-lhe a complexidade das diversas geometrias de poder que se poderão constituir. Assim, não entrando em linha de conta com os votos da emigração ainda por atribuir, o somatório de deputados do PSD e do PP, ultrapassam em dois lugares os votos do PS, podendo perspectivar-se com escolha governativa. Não crendo que o Presidente, por fragilizado, se atrevesse a tal feito, ele é, constitucionalmente possível. Ao Presidente cabe indicar o Primeiro Ministro tendo em conta os resultados eleitorais. O conjunto da direita é, em relação ao PS, maioritário. Outra maioria possível é facultada com um acordo PS/CDS. Só que aqui, a facilidade governativa, tenderia a incendiar os conflitos internos no PS. E Sócrates, para ganhar, viu-se obrigado a compromissos com a ala esquerda do seu partido, esgrimida, em desespero de causa, na recta final da campanha, tendo como endereço os possíveis votantes no bloco de esquerda. A maioria PS/PSD, a presumivelmente mais estável em termos de governação, está impossibilitada pela previsível contenda interna no segundo partido e pela necessidade do seu novo líder ter de ganhar espaço opondo-se às políticas governamentais. A maioria de esquerda, apenas existente aritmeticamente, é inviável no quadro de uma política que, embora de modo mais “soft”, se inscreverá no conjunto de soluções anteriormente apresentadas pelo Governo Sócrates.

Então, perguntar-se-á, não ganhamos nada, ficou tudo na mesma?

A resposta é um rotundo não! O quadro político foi substancialmente alterado. Mudaram, na direita, as dinâmicas interpartidárias; nas esquerdas voltou, apesar de tudo, a reforçar-se a maioria sociológica que , paulatinamente, se tem vindo a afirmar; e o primeiro ministro a empossar, quer queira, quer não queira, terá de contar com ela, não só para apoiar algumas medidas de esquerda, como para manter a paz no seu partido.

E o Presidente da República?

Teria, provavelmente agora, o seu momento de maior poder e glória mas, depois do incidente cretino das escutas – e antes de ele vir explicar-se ao Povo – creio bem que pode iniciar-se aqui a sua caminhada para a não reeleição.

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publicado por Carlos Alberto Correia às 13:49

Memória XVII - ofício

Terça-feira, 22.09.09
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longo das paixões latentes gelos
as distâncias giram
fascinando círculos de som

nem vómitos nem água
inauguram a nuvem
móbil de procura o sol
distende gritos

colar os lábios às casas
instantes que restam
nos remos da memória

húmidos recôncavos do sono
alquímicos véus da floresta

tão duro ofício a reconhecer




Lisboa, Agosto de 1984

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publicado por Carlos Alberto Correia às 11:31

A Sétima Vaga

Quinta-feira, 17.09.09
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Uma velha lenda do sudeste asiático, terras bem conhecedoras de violentos maremotos, conta-nos que a Natureza, em virtude dos maus tratos que os homens lhe dão, por vezes se zanga com a humanidade. Nessa altura as águas do mar invadem a terra e a sétima vaga destrói todos os vestígios humanos em terra. Ao cataclismo, mito paralelo ao dilúvio ocidental só que com repetições periódicas, segue-se a regeneração da humanidade, a partir de uns quantos sobreviventes escolhidos. Este ciclo continuará enquanto as sociedades não chegarem à plena harmonia com o todo e forem cometendo erros contra a Natureza.

Recordo-me de, há também muitos anos, ter visto um documentário sobre um colónia de insectos que viviam em folhas de nenúfares flutuando num lago. A ausência de predadores e a organização social dos bichos permitiram que se tornassem espécie dominante e com grande sucesso demográfico. Com tanto êxito que, o excesso de população e consumo, fez afundar as folhas de nenúfar destruindo, por afogamento, toda a população.

Assim como se fora uma Atlântida dos insectos.

Estes dois exemplos servem para introduzir a questão que tenho vindo a colocar-me com frequência e que, sendo de fácil resolução em termos racionais, é praticamente impossível de pôr em prática por causa de direitos, desejos e emoções. É tal magna pendência a de saber se o modelo de crescimento contínuo em que vivemos poderá manter-se indefinidamente e para todo o género humano. Ressalta perfeitamente, a qualquer ser pensante, que não é possível tirar proveitos infinitos de coisa finita. Só se podem retirar objectos de um saco enquanto ele não estiver vazio. No entanto, em relação às possibilidades do Globo, é deste modo que procedemos. Agimos como se os bens fossem inesgotáveis e fosse possível manter o crescimento das produções ininterrupto e por todo o sempre. Mas o que acontecerá se defendermos que as nações, nestes actos, estão a depredar o nosso habitáculo – o planeta – e que melhor seria diminuir os nossos consumos de molde a fazer-se uma distribuição equitativa e racionalizada por toda a humanidade?

Bem, isto seria o cabo dos trabalhos!

Veja-se como toda a gente já percebeu que a continuidade do modelo de vida e consumo ocidentais – a expandir-se para todos os lados – vai conduzindo, pelo aquecimento global, à situação em que, como no mito citado, a Natureza lança a sua sétima vaga de absoluta limpeza. Que fazem as nações? Conversam, combinam e nada cumprem, agravando cada vez mais o problema, porque ninguém quer ceder um pouco do seu bem-estar e da ambição de incessante aumento do mesmo, de molde a abrandar o esgotamento e deterioração do ambiente e dos recursos naturais.
E têm, aparentemente, razão.

Porque é que eu hei-de ceder algo das minhas facilidades a favor de outros que nem conheço ou de um tempo em que já não estarei no mundo? Por outras palavras, porque hão-de os brasileiros deixar de melhorar a sua economia, devastando o pulmão do mundo – a Amazónia – para favorecer o nosso tipo de vida a que tão poucos deles têm acesso? Ou os chineses continuarem em pobreza endémica para não acrescentar mais poluição à gerada pelos países industrializados? E que partido, no Ocidente, de direita ou de esquerda, ousaria incluir no seu programa medidas de decréscimo de bens ou diminuição de protecção social sem ver desertar eleitores?

Pois é. Os geólogos bem nos avisam contra as várias extinções em massa ocorridas no nosso planeta. Se é verdade que tais factos se devem a causas exteriores como as radiações gama - provenientes de supernovas -, ou impacto de meteoritos; ou internas tais os vulcões, a divisão de massas continentais ou mudanças climáticas, a verdade é que agora, mercê da acção da humanidade, já se antevêem alterações ambientais que poderão vir a acrescentar mais um estrato geológico para o estudo de espécies malogradas.

Dir-me-ão os senhores a que propósito virá este arrazoado cataclísmico quando parto do princípio que falar de tais coisas é como pregar no deserto e que nunca, por nunca ser, deixaremos o produtivismo continuado e o trocaremos por um decréscimo de consumo mais compaginável com as possibilidades da Terra? A minha resposta, acompanhada por um sorriso cínico de impotência, será a de obter assim a única satisfação permitida a Cassandra. É a de olhar do alto o indígena atónito e pespegar-lhe um sonoro:

-Eu bem te avisei, não foi?...

Um pouco antes de, imparável, a sétima vaga fazer ruir todo o orgulho humano.



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publicado por Carlos Alberto Correia às 11:43

Karta abrida ós tupidos k diz male do sistema de edukassão

Quinta-feira, 03.09.09
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Barreiro, 2 de Çetembro de 2024

Xenhor dretor:

Vai fecar bem barafundado ao receber esta minha. Mas seu lhe diser cos amaricanos apezar de serem gajos brutos e sem coltura como agente sabe iventaram uma manera de cumunicassao co passado já fica a perceber a marosca. E assim um genero de canal mimoria mas k premite cagente escogna o pasado k ker ver.

Çei muto bem k tam ai em tempu de ileicoes e ca eskerda nam sabi faser mai nada k dizer male da pulitica de inducassao do inginheiro Xocrates de da menistra Lurdes. Iço e uma a fronta nam so ao groveno bestiale deses sinhores cumo uma froma de despritijo de kantos comaeu fazeram o encino secondario neça epoca.

Çei bem que nam foxem eles euca nunca ter akabado o insino secondario. Cumo era jove dava faltas todos dias. Kem me valeo foi a çenhora menistra Lurdes k nam premitio cós çafardanas dos profs me xumbaçem por faltas. Tamem não deixou k so pro não çaber a procaria da materia nam ma deichazem paçar de ano. Inda ma lembra do barulho cós gajos fazeram. Kakilo era prastatistica co foturo saria de anafabetos funsionais cagente avia de ficar no rabo da eropa e era todo tretas. Basta vermamim i o me primo que fes o 12 ano nas novas oprotunidades e cagora vive munta bem aqui no Algrave a çervir no restorante ao ingleses, franseses e lemoes k jacatam de novu a gosar o klima e as augas kentes.

Agente pra çervir no terismo nam preciça de çaber aquelas coisas do zarolho pareçeme que se xamã os lucindas e e uma cuscuvilhize do carlos da maia andar a dromir com a irman. Çisto e la coiza ksensine a crianças nuvinhas.

Xame a atenzam no seu jronal para a neçeçidade de elejer de novo o sinhor inginheiro pra ca Lurdes poça voltar a dar no coco aos deslanbidos dos prof. Pra ver çeles ganham juiso e por pura malvades nam crotam a pernas aqules k comaeu so kerem vençer na vida e comsegir uma boa vida cum karrinho e um plaxma pra se desstrair opois do trabalho.

Penço k sou um bom esemplo das medidas acertadas desse groveno k estaquaze acabar. Nam neguen a poçibilidade deles continureim a faser tambom trabalho para o foturo de tudos nos. Votem neles pra puodermos garantir uma suciedade onde todos tenhao direito a fazer o 12 ano sem medo de xumbarem. Viva a igoldade.



Publicado in “Rostos on line” – http://rostos.pt


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publicado por Carlos Alberto Correia às 14:09