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La Palissadas – 6

Quinta-feira, 11.07.13

 

 

 

1 – O Senhor Professor Aníbal Cavaco Silva é o Presidente da República Portuguesa;

2 – Apesar de partidário será, putativamente, presidente de todos os portugueses;

3 – Na realidade apenas tem sido presidente da direita e de si próprio;

4 – Mais de si próprio que da própria direita;

5 – Devendo ser a força de equilíbrio é o desequilíbrio da força;

6 – Esperando-se dele a ordem torna-se produtor de caos;

7 – Quer quando age, quer quando não age;

8 – Ontem à noite o Sr. Presidente agiu;

9 – Fê-lo por obrigação, mas fá-lo-ia mesmo sem obrigatoriedade;

10 – Porque o Sr. Presidente sente-se compelido a atuar quando algo de seu é tocado;

11 – Assim fez no caso dos Açores, ao acordar o País da sonolência de agosto, por pressentir que lhe diminuíam os sagrados poderes;

12 – Igualmente ao declarar ser informaticamente espiado, lançando suspeitas, no omisso, sobre o governo da altura;

13 – Não deixou de ser o caso da reação obtida quando lhe tocaram na reforma;

14 – Por isso ontem o País esperava o oráculo para entender porque caminhos seria conduzido;

15 – Quase toda a gente juraria que o super-governo, nascido da balbúrdia do infra que nos desgoverna, seria aceite sem remissão;

16 – Esperava-se que de eleições nem falar;

17 – O governo levaria uns açoites pela triste figura da nomeação de ministra ao tempo de ocultada demissão de ministro;

18 – Ninguém suporia porém, ter sido tão profundamente sentido o acinte que, sobre proposta governamental, só silêncio se ouviria;

19 – Apesar dos elogios e cumprimentos feitos saber, em tempo oportuno, pelos nossos tutores e mercados;

20 – Tudo isto, olímpica e inabitualmente, desprezou;

21 - De rosto fechado e solene explicou ao povo ignaro, durante onze minutos dos vinte que falou, as razões para a democracia não funcionar como democracia e pôs o governo ainda mais a prazo;

22 – As soluções anunciadas são não-soluções;

23 – Exigiu ao Partido Socialista que se suicidasse politicamente, tornando-se cúmplice de políticas que nos estão a levar à desgraça;

24 – Só depois disso, quando os três partidos do arco do poder estiverem esfrangalhados é que, às escondidas da troika, permitiria o votozinho inútil do portuguesinho palerma;

25 – Não fora a sua consabida falta de jeito e pensaríamos estar de panelinha com o Bloco e o PCP para os fazer crescer nas próximas eleições;

26 – Os partidos ficaram tão banzados que reagiram tarde;

27 – Com indignação os dois excluídos, liminarmente, da democracia vigiada que nos cabe;

28 – Com escondido e justificado furor o PS;

29 – Canhestramente sofrido o PSD;

30 – Rindo por dentro o CDS;

31 – Ficámos, após o discurso, pior do que antes;

32 – O governo imprestável que não há, nem se entende, continuará irresponsável pelas políticas que não pode ou sabe executar;

33 – Amplia-se o tempo de espera com novas consultas, presumivelmente, condenadas a dar com os burrinhos na água;

34 – Acabar-se-á com o atraso de medidas e orçamentos usados para evitar eleições;

35 – Chegar-se-á, inoportunamente e mais atrapalhados, ao mesmo momento e local onde estávamos antes do discurso.

 

Cavaco Silva é o génio do caos. O Senhor Presidente é hábil a ser inábil. Merece o governo que resta do que resta do governo. Nós é que não!

 

 

 

 

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publicado por Carlos Alberto Correia às 15:39